Eleições Flamengo: Disputa acirrada pela presidência

A disputa pelo comando do Flamengo

A eleição presidencial do Flamengo, ocorrida em 8 de outubro, mobilizou intensamente a Gávea. Três candidatos concorreram ao cargo máximo do clube: Rodrigo Dunshee de Abranches, Luiz Eduardo Baptista (Bap) e Mauricio Gomes de Mattos. A votação, realizada por meio de urnas eletrônicas, ocorreu das 8h às 21h, garantindo agilidade no processo.

O pleito, que definiria o futuro do clube nos próximos três anos, gerou uma disputa acirrada entre as diferentes correntes políticas do Flamengo , envolvendo inclusive ex-campeões mundiais de 1981.

A manhã transcorreu em clima relativamente tranquilo, com as campanhas concentrando esforços na presença física na entrada do ginásio, monitorando, atentamente, as pesquisas de boca de urna.

Equilíbrio e estratégias de campanha

As previsões apontavam para um embate equilibrado entre Bap e Dunshee, enquanto Mattos figurava como candidato com menor probabilidade de vitória. Desde o início da votação, candidatos e seus principais apoiadores se fizeram presentes na sede, cumprimentando os eleitores e distribuindo adesivos de campanha.

A campanha de Dunshee, apoiada pelo atual presidente Rodolfo Landim (que se tornaria CEO em caso de vitória), utilizou a cor roxa em seus materiais. Personalidades como Nunes e Leandro, ambos campeões mundiais em 1981, atuaram ativamente na campanha, realizando trabalho de "boca a boca". A ex-presidente Patricia Amorim também declarou apoio à candidatura.

Já a campanha de Bap, com a cor azul como marca, contou com o apoio de ex-dirigentes do clube, incluindo Ricardo Lomba (ex-VP de futebol), Alexandre Póvoa (ex-VP de esportes olímpicos) e Flavio Willemann (ex-VP jurídico). Zico, outro campeão de 1981, manifestou apoio a Bap, mas não compareceu pessoalmente à votação. Raul Plassmann, ex-goleiro do Flamengo , também se juntou à campanha de Bap após conversa com Zico.

Declarações e embates entre candidatos

Em meio à disputa acirrada, declarações de apoio e contrapontos marcaram a campanha. "Eu confio na administração atual. Vamos dar continuidade naquilo que está dando certo. Aqui vai ganhar o artilheiro, porque é quem faz os gols. Raul e Zico são meus amigos, mas estou lutando por algo que está dando certo. O Flamengo pode se tornar o maior do mundo", afirmou Nunes, em defesa da continuidade da gestão.

"Eu passo e cumprimento todos. É um clima cordial, ninguém está fazendo cara feia. Nunes trabalha aqui e não tinha alternativa. Mas não tem confronto. Pelo contrário. É um prazer que ele esteja aqui, porque os pesos são iguais. Nunes foi importante, porque fez os gols no Mundial. Mas eu também fui, porque não tomei gol. Com 0 a 0, sem ninguém fazer gol, também dá para ser campeão. O grande momento pode ser evitar o gol", respondeu Raul, em tom conciliador.

Apesar do tom geralmente amigável, incidentes menores, como uma "provocação" entre apoiadores de Bap e Dunshee na entrada da votação ("Zico é BAP!", gritou uma apoiadora; "Zico não está aqui!", respondeu outra), demonstraram a tensão subjacente à disputa.

Controvérsias e questões legais

A eleição presidencial do Flamengo não esteve isenta de controvérsias. Questões legais antecederam a votação, incluindo debates sobre a documentação necessária para votar. Após decisão judicial favorável a Landim, a exigência foi reduzida para apenas um documento com foto, descartando a necessidade da apresentação da carteirinha de sócio, conforme proposto pela Assembleia Geral, presidida por um apoiador de Bap.

A campanha de Bap monitorou de perto os procedimentos eleitorais, buscando evitar possíveis irregularidades. Uma denúncia de uso indevido de software do clube pela campanha de Dunshee para verificar a elegibilidade dos associados foi apresentada, mas posteriormente desconsiderada.

Enquanto Dunshee e Mattos concederam entrevistas e se mantiveram ativos na comunicação, Bap optou por uma postura mais discreta, preferindo aguardar o fim da votação antes de se pronunciar publicamente.