Política de Preços do Flamengo Sob Fogo: Análise da Queda de Público

Política de Ingressos do Flamengo em Debate

A administração do Flamengo mantém uma postura firme em relação aos preços dos ingressos para o Campeonato Carioca, defendendo que não há margem para reduções. A justificativa reside nos investimentos significativos realizados na equipe, o que, segundo a diretoria, torna inviável a prática de preços mais acessíveis.

Essa decisão, no entanto, tem gerado discussões acaloradas e reflexos diretos na presença da torcida nos estádios. A análise a seguir busca destrinchar os argumentos da diretoria, o impacto nos torcedores e as possíveis consequências dessa política de preços a longo prazo.

Queda na Média de Público: Sinal de Alerta?

Os números revelam uma queda acentuada na média de público do Flamengo na Taça Guanabara. Em 2025, o clube registrou uma média de 21.176 pagantes, um contraste significativo em relação aos 39.248 do ano anterior. Essa diminuição levanta questionamentos sobre a relação entre o preço dos ingressos e o interesse da torcida em comparecer aos jogos.

É importante ressaltar que o Flamengo tem adotado uma política de preços uniformes, independentemente da relevância da partida. Os ingressos mais baratos, localizados no setor Sul, custam R$ 60 em jogos regulares e R$ 80 em clássicos, enquanto o setor mais caro, o Maracanã Mais, atinge o valor de R$ 450. A arquibancada Norte, tradicionalmente ocupada pelas torcidas organizadas, tem um custo de R$ 80, enquanto os demais setores variam entre R$ 100 e R$ 200.

Justificativas da Diretoria e o Impacto Financeiro

A diretoria do Flamengo argumenta que os custos operacionais e os encargos relacionados ao Maracanã, somados às gratuidades e meias-entradas previstas por lei no Rio de Janeiro, inviabilizam a prática de preços mais populares. Segundo a administração, a manutenção do patamar atual é essencial para garantir a saúde financeira do clube e a competitividade da equipe.

O presidente do clube, conhecido como Bap, declarou publicamente sobre o tema, após o boicote das torcidas organizadas ao jogo contra o Maricá, que atraiu um público inferior a 30 mil pessoas. De acordo com Bap, "Menos do que isso a gente perde dinheiro".

Relembrando o Passado: Uma Postura Consistente?

Curiosamente, a defesa de preços mais elevados não é uma novidade na trajetória de Bap. Durante sua gestão como vice-presidente de marketing entre 2012 e 2015, na administração de Eduardo Bandeira de Mello, ele já defendia argumentos semelhantes, o que gerou descontentamento entre torcedores e aliados.

Comparativo com São Paulo e a Visão de Bap

Bap estabelece um paralelo entre a situação do Rio de Janeiro e a de São Paulo, argumentando que a ausência de gratuidades e meias-entradas na capital paulista permite a prática de preços 35% a 40% mais altos. Ele complementa: "São Paulo não tem gratuidades, não tem meia-entrada como tem no Rio de Janeiro. Os preços aqui são 35% a 40% mais baratos do que em São Paulo, e todo mundo reclama. Está tudo caro no Brasil. Para ter o time que a gente tem, dificilmente seria mais barato do que isso. Os custos do Maracanã, do Rio de Janeiro, do time do Flamengo e do futebol hoje em dia estão inflacionados. Não dá para praticar menos do que isso. Menos do que isso a gente perde dinheiro, aí você não pode ter um time como o que a gente tem hoje aqui, alegrando o coração de 45 milhões".