1. Flapress

Reformulação do Programa de Sócio-Torcedor do Flamengo: Uma Análise Crítica

Por Redação Flapress em 16/12/2024 05:40

Desafios e Oportunidades na Base de Sócios do Flamengo

Apesar de ostentar a maior média de público no Campeonato Brasileiro de 2024, o Flamengo enfrenta um paradoxo: a quantidade de sócios-torcedores não reflete a dimensão de sua apaixonada torcida. O clube ocupa apenas a sétima posição em número de associados no país, um indicativo de que o programa atual carece de atratividade, especialmente para aqueles que residem no Rio de Janeiro. A nova administração, liderada por Luiz Eduardo Baptista, o Bap, tem como prioridade reverter esse cenário, buscando um engajamento mais efetivo com a massa rubro-negra.

A transição entre as diretorias está em curso, com a posse formal do novo presidente na Gávea. A partir deste momento, a nova gestão terá acesso aos dados internos, incluindo informações financeiras e operacionais, para dar início às mudanças planejadas. O ponto de partida é uma análise profunda do programa de sócio-torcedor e suas deficiências.

Atualmente, o Flamengo conta com 77.577 sócios, um número que poderia ser significativamente maior. O modelo atual prioriza aqueles que adquirem planos mais caros, sem levar em consideração a frequência com que os torcedores comparecem aos jogos. Em partidas decisivas, os ingressos muitas vezes não chegam aos planos mais acessíveis, mesmo para aqueles que acompanham o time em todas as partidas da temporada. Essa lógica, que privilegia o poder aquisitivo em detrimento da paixão, está no centro das críticas e da necessidade de uma reformulação.

Nova Visão para o Programa de Sócio-Torcedor

A proposta de Bap é transformar o programa de sócio-torcedor em uma plataforma abrangente de relacionamento com os torcedores. A ideia é ir além da simples venda de ingressos, agregando valor com descontos em produtos licenciados e "CoBranded", além de aprimorar a experiência do usuário com uma interação mais fácil e intuitiva. O objetivo é que o programa se torne um canal de comunicação constante e relevante entre o clube e seus fãs.

Uma das medidas em estudo é a criação de uma categoria popular no programa de sócios, visando democratizar o acesso aos benefícios e acomodar diferentes perfis de torcedores. Outra iniciativa é a compra de ingressos para jogos como visitante, que seriam revendidos no site do clube, atendendo tanto aos sócios quanto aos torcedores locais que acompanham o time fora do Rio de Janeiro.

Além disso, a nova gestão pretende criar benefícios para aqueles que, por circunstâncias geográficas ou pessoais, não têm a oportunidade de frequentar os estádios. O programa seria expandido para além da venda de ingressos, oferecendo experiências exclusivas e conteúdos relevantes para os sócios que estão distantes, mas não menos apaixonados pelo clube.

Potencializando o Flamengo no Mundo Digital

Um dos pilares da nova gestão é a exploração do potencial digital do Flamengo , seja por meio do programa de sócios, das redes sociais ou da FlaTV. Bap argumenta que o clube não tem aproveitado adequadamente a força de sua marca no ambiente online. "O Flamengo faz muito pouco dinheiro no mundo digital. Qualquer influencer hoje que tem um milhão de seguidores faz um valor razoável de faturamento por mês. O Flamengo tem 37 milhões de seguidores únicos de redes sociais e não monetiza isso. O clube não faz nenhuma conexão entre os produtos que licencia e o consumo associado da sua torcida ou dos sócios-torcedores. A gente tem que fazer essa conexão. O Flamengo tem que desenvolver conteúdo dentro de casa, ser como uma Disney. Criar conteúdo em cima do que tem no departamento de futebol e colocar isso na FlaTV. Tem alternativas do que você pode e deve fazer com o clube que podem gerar mais receitas.", afirmou Bap em entrevista ao UOL.

A ideia é que o clube se transforme em um produtor de conteúdo, criando narrativas e experiências em torno do futebol e de outros aspectos da vida do clube. A FlaTV, por exemplo, poderia se tornar um canal de entretenimento, com programas, entrevistas e bastidores, gerando receita e engajamento com a torcida.

O novo estádio do Flamengo também será utilizado como catalisador das mudanças no programa de sócios. A nova gestão, juntamente com parceiros, já está discutindo as possibilidades para o programa, que está em estudo há cerca de 90 dias. A ideia é que o estádio seja um espaço de convivência e experiências para os sócios, com vantagens e benefícios exclusivos.

A Questão do Voto e a Evolução do Quadro de Sócios

Um dos temas mais polêmicos em relação ao sócio-torcedor é a possibilidade de direito a voto nas eleições do clube. Bap se esquivou de dar uma opinião direta sobre o aumento do colégio eleitoral: "É um assunto que cabe ao sócio decidir, não sou dono do Flamengo e nem mais importante do que ninguém".

Bap reconhece que a composição do quadro de sócios do Flamengo evoluiu nos últimos anos: "Esse conceito emocional de 45 milhões de caras que são, em tese, donos do Flamengo não é o que reza o estatuto do clube. Ou você tem um argumento muito bom para esses 6, 7 mil sócios que votam, ou isso não vai mudar. A renovação do quadro de associados do Flamengo nos últimos 12 anos foi incrível. Tem um clube muito mais moderno, vibrante, com mais gente nova, novos pensamentos. Já aprendi que a opinião que temos isolada tem pouco valor, ainda mais quando se trata de um assunto tão sensível quanto esse."

Bap foi um dos responsáveis pela criação do programa de sócio-torcedor no início da gestão de Eduardo Bandeira de Mello. Na época, ele defendia uma política de ingressos mais caros e a realização de jogos fora do Rio de Janeiro como formas de aumentar a arrecadação e incentivar a associação. Agora, com uma nova perspectiva, Bap tem a missão de reformular o programa e torná-lo mais inclusivo e atrativo para a torcida rubro-negra.

SIGA NO google news

Curtiu esse post?

Participe e suba no rank de membros

Comentários:
Ranking Membros em destaque
Rank Nome pontos