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José Boto: A Visão Estratégica que Moldará o Futuro do Flamengo

Por Redação Flapress em 15/12/2024 17:01

A Chegada de José Boto e a Reestruturação do Futebol Rubro-Negro

Enquanto aguarda o momento de sua chegada ao Brasil para iniciar suas atividades como diretor de futebol do Flamengo, José Boto já está imerso no planejamento do clube para 2025. O dirigente português, com vasta experiência no mercado brasileiro, demonstra grande familiaridade com o cenário futebolístico do país, o que promete uma adaptação rápida e eficiente.

Sua chegada ao Rio de Janeiro está prevista para depois do Natal, após cumprir seus compromissos com o Osijek, da Croácia. A expectativa é que sua transição para o clube carioca seja tranquila, dada sua vasta experiência com o futebol brasileiro. O que se espera é que ele traga uma nova dinâmica para o departamento de futebol do Flamengo .

O conhecimento de Boto sobre o Brasil é notável, resultado de suas numerosas viagens e contatos construídos ao longo de sua carreira, inclusive durante seu tempo no Benfica. Como destaca Blessing Lumueno, auxiliar técnico do Chaves, de Portugal e amigo de Boto: ?Do ponto de vista cultural ele conhece muita coisa porque já foi ao Brasil muitas vezes, são muitas viagens ao Brasil, desde quando trabalhava no Benfica. Tem um contato muito forte com o mercado brasileiro e conseguiu contratar muitos talentos do Brasil. Acredito que dessa rede de contatos possa ter surgido a relação com a nova diretoria do Flamengo . Ele não vai ficar surpreso com nada, a forma como a torcida e o ambiente em torno do futebol gira. É um especialista no mercado brasileiro?.

José Boto e a Estratégia para o Flamengo: Foco na Base e Mercado Brasileiro
Foto: ( Divulgação / Osijek)

A Prioridade na Base e no Talento Nacional

Uma das marcas de José Boto é sua crença no potencial dos jovens talentos, especialmente os revelados no Brasil. Ele não apenas valoriza o mercado brasileiro, mas também demonstra um compromisso com o desenvolvimento das categorias de base. Segundo Lumueno, ?Ele é um apreciador de talentos e sempre apostou no mercado brasileiro, porque acredita que é onde estão os melhores talentos do futebol. Não é alguém que vai mudar toda a concepção do clube, mas alguém que vai apostar no talento desenvolvido dentro do clube e, eventualmente, dentro do Brasil?.

Boto pretende aprimorar a estrutura das categorias de base, buscando um desenvolvimento que não suprima as características individuais dos jogadores, mas que os impulsione rapidamente para a equipe principal. Ele vê na base a chave para o futuro do clube, priorizando a formação de atletas que possam brilhar no cenário nacional e internacional.

Lumueno ainda completa: "Ele consegue trabalhar com todo tipo de mercado. Eu acredito que a grande base dele vai ser no Brasil, porque é o mercado que ele mais gostou de trabalhar e que ele mais acredita. Acredito que a grande força dele vai estar no mercado interno e nas categorias de base, o mercado de fora acho que vai ser exceção".

Rede de Contatos e a Montagem da Equipe

A influência de Boto no futebol brasileiro é evidente em sua rede de contatos. Um exemplo é João Paulo Sampaio, coordenador da base do Palmeiras, indicado por Boto para trabalhar no Flamengo , demonstrando sua visão de que profissionais bem preparados são essenciais para o sucesso. Embora Sampaio tenha optado por permanecer no Palmeiras, essa movimentação ilustra a intenção de Boto de construir uma equipe competente e alinhada com sua filosofia.

O novo diretor de futebol do Flamengo também trará um profissional de scouting, área em que se destacou na Europa. Boto busca formar uma equipe enxuta, composta por pessoas de sua confiança, replicando o modelo que o consagrou em seus trabalhos anteriores. Essa abordagem visa otimizar os processos e garantir decisões mais assertivas.

Além disso, a colaboração com o treinador Filipe Luís será crucial no planejamento, com foco em manter a base do elenco e adotar uma mentalidade de longo prazo. Boto é conhecido por sua paciência com os treinadores, o que sugere uma estabilidade maior no comando técnico do clube.

A Filosofia de Trabalho de José Boto

Em entrevista ao canal "Benfica Independente", Boto detalhou sua visão sobre o futebol. Ele enfatiza a importância de uma rede de contatos, especialmente no Brasil, onde construiu relacionamentos com treinadores e descobriu talentos que se destacaram na Europa. "Tenho um networking dentro do futebol, especialmente no Brasil, porque no Shakhtar apostávamos em jogadores muito jovens. Isso cria um nome, uma identidade como diretor diante do mercado. Tenho conversas com muitos treinadores brasileiros, tenho uma rede com muitos treinadores jovens no Brasil, por interesse meu e deles por verem alguém na Europa que trazia jogadores os quais não apostavam neles no Brasil e, depois de seis meses, estavam jogando na Champions League. Isso me dava a vantagem de ter informações privilegiadas sobre muitos jogadores", declarou.

Boto também destacou a importância de scouts apaixonados e convictos, que defendam suas indicações com veemência. Ele valoriza a paixão e a convicção na hora de propor jogadores, buscando profissionais que acreditem no potencial dos atletas que indicam. "Existem três tipos de scout, mas a mim só interessa um. Existe o que tem dúvidas sobre todos os jogadores e o que não tem dúvidas sobre quase nenhum. Eu prefiro o scout que tenha uma convicção plena, mesmo correndo o risco de errar. Gosto que meus scouts mostrem paixão pelos jogadores que eles propõem. Não posso sentir dúvidas naquilo que eles propõem", afirmou.

O dirigente ressalta que o clube deve ter uma ideia de jogo bem definida, independente do treinador, e que o treinador deve se adaptar a essa filosofia. "O que é desafiador no scouting é perceber o que treinador quer, ou o clube. O Shakhtar não dependia de treinador, dependia de uma ideia de jogo do clube. O treinador chegava e se adaptava. Para mim é um erro um clube deixar tudo nas mãos do treinador, porque o treinador é sempre o elo mais fraco. Se um treinador é demitido e você contrata outro com ideias diferentes, vai ter que mexer no plantel e gastar mais dinheiro e transformar ativos em desativos. Isso tem a ver com gestão desportiva", explicou Boto.

O Legado de Boto e a Atenção aos Talentos

A experiência de Boto no Shakhtar Donetsk, onde chegou a ter 14 brasileiros no elenco , demonstra sua capacidade de identificar e desenvolver talentos. Ele também valoriza os jogadores formados no clube, como Mudryk, Sudakov e Bondarenko, que se destacaram no cenário europeu. Boto busca um equilíbrio entre a contratação de jogadores e a valorização dos atletas da base, garantindo que o clube tenha um futuro promissor.

A organização do departamento de scouting, segundo Boto, deve começar com a definição do perfil do jogador desejado, levando em conta aspectos técnicos, táticos e financeiros. Ele prioriza mercados específicos, como o brasileiro, e estabelece diferentes níveis de atenção para cada um deles. "Existem várias formas de organizar um departamento de scouting. Primeiro: o que quero? Definir um perfil de jogador, um perfil não só técnico ou tático, mas financeiro, para que eu quero um jogador? Também um perfil de até onde podemos ir. Depois podemos fazer de várias formas, definir os mercados prioritários - de quatro a cinco. Um clube português, por exemplo, mais facilmente chega à Argentina, Brasil, Uruguai, Bélgica, Holanda, aí definimos esses como os principais, o mercado A, e temos que conhecer esses mercados afundo. Depois definimos o mercado B, que não são tão apelativos para nós e não precisamos seguir tão atentamente. Num clube português não preciso conhecer tão afundo o mercado alemão. Não quer dizer que não olhe para esse mercado, mas olho com outros olhos. Num mercado C, as informações vêm de pessoas externas e eu vou checar. Tem que estar atento e ter informações, mas não precisa acompanhar o campeonato israelita. Tem que ter informações nesses países para que elas cheguem rápido e você cheque", detalhou.

Boto também destaca a importância de uma estrutura enxuta e eficiente, com uma comunicação rápida entre os membros da equipe. "No Benfica trabalhávamos com quatro, cinco pessoas. Revolucionamos o scouting. Quanto mais rapidamente você fala com a equipe mais rápido se toma a decisão. Tem que ter uma relação de proximidade. Os clubes que fazem os melhores negócios têm estruturas reduzidas", afirmou.

A chegada de José Boto ao Flamengo representa uma nova era para o departamento de futebol do clube. Sua experiência, visão estratégica e foco na base e no mercado brasileiro prometem um futuro promissor para o Rubro-Negro. A torcida pode esperar um trabalho consistente, com resultados a longo prazo, e uma nova mentalidade que valoriza o talento e a paixão pelo futebol.

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