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Análise de José Boto: Preparo de Técnicos e Atratividade do Brasileirão
Por Redação Flapress em 02/03/2025 14:30
José Boto e a Comparação entre Treinadores Portugueses e Brasileiros
Em uma análise franca e direta, José Boto, diretor técnico do Flamengo, provocou debates ao contrastar a preparação dos treinadores portugueses com a dos brasileiros. Em entrevista ao jornal "A Bola", Boto compartilhou suas percepções sobre o impacto de Jorge Jesus no futebol brasileiro e as tendências emergentes no cenário do futebol nacional.
Boto pondera sobre a "moda" criada em torno dos técnicos portugueses após o sucesso de Jorge Jesus, alertando que nem todos possuem o mesmo nível de excelência. Ele expressa sua convicção de que, de maneira geral, "o treinador português é mais bem preparado do que o treinador brasileiro, ou pelo menos do treinador brasileiro que normalmente roda entre as equipes da primeira divisão aqui." Contudo, ele expande a discussão, mencionando a presença significativa de treinadores argentinos e a reputação da escola de treinadores da Argentina como "um pouco mais evoluída que a brasileira".
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A Força Atrativa do Campeonato Brasileiro
Apesar de suas ressalvas sobre o nível dos treinadores, Boto tece elogios ao Campeonato Brasileiro, destacando sua competitividade e potencial para atrair jogadores portugueses, inclusive mais do que algumas ligas europeias. Ele reconhece a alta qualidade da liga em diversos aspectos e contesta a hierarquia tradicional do futebol mundial.
Boto cita a declaração de Jorge Jesus sobre a liga brasileira ser mais competitiva e atraente que o Campeonato Inglês, ressaltando que, embora não concorde totalmente, ele reconhece o alto nível de competitividade do Brasileirão. "A qualidade da liga aqui, em todos os aspetos, é muito grande. Lembro-me de há uns anos, quando Jesus disse que a liga brasileira poderia ser mais competitiva e atraente do que o Campeonato Inglês, ele foi muito criticado. Eu não chegaria a tanto, mas não sei se há na Europa ou no mundo uma liga tão competitiva como a brasileira", afirmou.
O Legado Duradouro de Jorge Jesus no Flamengo
Questionado sobre a permanência do legado de Jorge Jesus no Flamengo , Boto, sendo português e tendo trabalhado com Jesus no Benfica, reconhece a profunda marca deixada pelo treinador. Ele descreve Jesus como "um fenômeno" e "quase um Deus" durante seu período no clube, destacando suas conquistas e o estilo de jogo atraente que implementou.
Segundo Boto, "É, até porque sou português, não é? E também trabalhei com ele no Benfica. Mas o Jesus foi realmente um fenômeno aqui. No curto período que esteve, diria que foi quase um Deus. Pelo que ele ganhou e pela forma como o fez. Foi um fenômeno de popularidade, das pessoas gostarem muito, muito mesmo dele. E, na minha perspetiva, isso tem a ver, como é óbvio, com os resultados que ele conseguiu. Um futebol também atrativo. Aqui no Flamengo não basta ganhar, é preciso ganhar, dominar e ter um futebol atrativo. Ele uniu essas coisas, e depois há também a personagem que todos conhecemos, aquilo que é o Jorge Jesus, a sua forma de ser. Ao contrário do que muitas vezes acontecia em Portugal, onde algumas pessoas tinham reticências quanto ao seu estilo, aqui essa forma de estar foi valorizada pelos torcedores. As pessoas viam-no como alguém diferente, com uma maneira particular de se expressar e de atuar. Ele realmente deixou uma marca e tem um reconhecimento aqui que não tem, por exemplo, em Portugal".
A Busca por Técnicos Estrangeiros e a "Moda" Portuguesa
Boto aborda a crescente tendência de clubes brasileiros buscarem treinadores portugueses, alertando para os riscos de seguir modismos sem uma análise aprofundada. Ele enfatiza que nem todos os treinadores portugueses são adequados para o futebol brasileiro e que a escolha deve ser baseada em critérios técnicos e estratégicos sólidos.
Ele observa que "Há coisas que são feitas de uma forma estruturada e pensada e há outra coisa que se faz por moda. Assim como eu não penso que todos os treinadores brasileiros são maus, também não penso que todos os treinadores portugueses são bons. Aquilo que o se passou foi que, com o sucesso de Jorge Jesus, se criou uma moda de acreditar que todos os treinadores portugueses são como ele, e isso não é verdade. É óbvio que a minha percepção é que o treinador português é mais bem preparado do que o treinador brasileiro, ou pelo menos do treinador brasileiro que normalmente roda entre as equipas da primeira liga aqui. Mas não é só a questão dos portugueses, se calhar mais de 50% são treinadores estrangeiros, porque há muitos argentinos também. Aqui ouço dizer que a escola de treinadores e a formação de treinadores na Argentina está um pouco mais evoluída que a brasileira. Mas uma coisa é fazer as coisas estruturadas, outra coisa é fazê-las por moda, o que levou à chegada de muitos treinadores portugueses que, na minha opinião, ainda não tinham capacidade para treinar equipes da Série A".
O Futuro do Futebol Brasileiro e a Atração de Talentos
Boto expressa otimismo em relação ao futuro do futebol brasileiro e sua capacidade de atrair talentos, tanto jogadores quanto treinadores. Ele acredita que o campeonato tem potencial para se tornar ainda mais competitivo e atraente, especialmente para jogadores que buscam um ambiente desafiador e com boa visibilidade.
Ao discutir a possibilidade de jogadores portugueses optarem pelo Brasil em vez de ligas europeias menores, Boto argumenta: "Não a colocaria entre as cinco grandes ligas europeias. O jogador português que tenha uma oportunidade num desses campeonatos dificilmente virá para o Brasil. Mas, entre jogar no Estrasburgo e jogar no Flamengo , acho que um jogador português escolheria o Flamengo ".
Ele conclui mencionando a dificuldade de atrair jogadores dos principais clubes portugueses, mas ressalta o impacto positivo do retorno de jogadores brasileiros renomados, como Danilo no Flamengo , Neymar no Santos e Coutinho no Vasco, além da possível vinda de Depay para o Corinthians. Esses movimentos, segundo Boto, contribuem para elevar o nível e o interesse no futebol brasileiro.
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